quarta-feira, 27 de novembro de 2013

RESULTADOS DE ESCOLAS DO ESTADO DO AMAPÁ NO ENEM 2012

ESCOLA ESTADUAL TIRADENTES                       ESCOLA E ALEXANDRE VAZ TAVARES
LINGUAGENS E CÓDIGOS  477,70                             469,78
MATEMÁTICA                       456,79                             455,55
CIÊNCIAS HUMANAS          505,88                             506,40
CIÊNCIAS DA NATUREZA   450,06                             445,25
REDAÇÃO                               516,26                             505,10

ESCOLA E  RAIMUNDA VIRGOLINO                     ESCOLA E JESUS DE NAZARÉ
LINGUAGENS E CÓDIGOS  439,83                             430,02
MATEMÁTICA                       436,56                             425,45
CIÊNCIAS HUMANAS          478,48                             469,60
CIÊNCIAS DA NATUREZA   426,67                             432,19
REDAÇÃO                               466,55                             440,67


ESCOLA E  AUGUSTO ANTUNES                             ESCOLA E RODOVAL BORGES
LINGUAGENS E CÓDIGOS  467,21                             439,76
MATEMÁTICA                       439,49                             417,55
CIÊNCIAS HUMANAS          502,27                             475.86
CIÊNCIAS DA NATUREZA   438,98                             417,71
REDAÇÃO                               497,88                             468,74

ESCOLA BARROSO TOSTES                                     ESCOLA E IGARAPÉ DA FORTALEZA
LINGUAGENS E CÓDIGOS  487,44                             423,67
MATEMÁTICA                       470,49                             410,36
CIÊNCIAS HUMANAS          519,79                             452,43
CIÊNCIAS DA NATUREZA   445,93                             403,57
REDAÇÃO                               541,70                             448,36

COLÉGIO SANTA BARTOLOMEA                           ESCOLA AQUARELA ENSINO E C
LINGUAGENS E CÓDIGOS  541,89                             568,80
MATEMÁTICA                       562,46                             620,82
CIÊNCIAS HUMANAS          576,30                             606,66
CIÊNCIAS DA NATUREZA   516,97                             563,89
REDAÇÃO                               622,24                             653,33
COLEGIO EQUIPE                                                        CENTRO DE ENSINO PODIUM
LINGUAGENS E CÓDIGOS  524,36                             529,77
MATEMÁTICA                       542,76                             571,05
CIÊNCIAS HUMANAS          570,71                             575,02
CIÊNCIAS DA NATUREZA   519,76                             525,85
REDAÇÃO                              596,09                              598,84




quarta-feira, 3 de julho de 2013

O IDEB deverá analisar corpo docente e infraestrutura das escolas

TCU recomenda que indicador da educação básica seja ampliado
Fernanda Calgaro - UOL Educação - 30/05/2013 - São Paulo, SP
Parecer do TCU (Tribunal de Contas da União) divulgado nessa quarta-feira (29) recomenda que o indicador que avalia a educação básica no país seja ampliado e passe a analisar o corpo docente e a infraestrutura das escolas.
Atualmente, o Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) avalia, a cada dois anos, somente o desempenho dos alunos. O índice vai de 0 a 10 e leva em consideração as notas em português e em matemática na Prova Brasil e as taxas de aprovação dos estudantes.
Considerado pelo MEC (Ministério da Educação) um indicador estratégico para a educação básica, o TCU afirma, porém, que o indicador não avalia o sistema educacional como um todo e questiona a periodicidade de dois anos.
Segundo o tribunal, isso pode gerar duplicação de esforços nos Estados, que acabam fazendo medições intermediárias do desempenho de seus alunos para corrigir eventuais problemas que possam reduzir seu índice na avaliação seguinte do Ideb.
Para o TCU, embora isso possa induzir um círculo virtuoso de melhoria da educação básica, a sobreposição de esforços gera desperdício de recursos públicos.
A análise integra o parecer prévio que o tribunal emite a cada ano sobre as contas prestadas pelo presidente da República.
Para avaliar o segundo ano de gestão da presidente Dilma Rousseff, o TCU decidiu examinar o andamento das políticas públicas nas áreas de educação, saúde, desenvolvimento regional, infraestrutura e previdência

Veja como ficou a partilha dos recursos obtidos com a exploração do petróleo e gás natural

Senado aprova mais verba para educação e saúde
Débora Álvares - O Estado de São Paulo - 02/07/2013 - São Paulo, SP
O Senado aprovou no final da noite desta terça-feira, por votação simbólica, o projeto que destina recursos obtidos com a exploração do petróleo e gás natural para os setores da educação (75%) e da saúde (25%). O texto voltará à Câmara, já que houve mudanças. Mas o governo federal foi obrigado a acatar as regras de partilha definidas pelo Congresso, apesar de inicialmente defender a destinação integral dos royalties somente para a educação.
A presidente Dilma Rousseff já indicou que abrirá mão do pacto que propôs na semana passada - 100% dos royalties para a educação - e deve sancionar a lei sem vetos. Pela manhã, a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, e o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, tentaram articular o retorno ao texto original, que previa 100% dos royalties para a educação. Os senadores mantiveram o trecho da Câmara.
Apesar da resistência em seguir o governo, o Senado acatou um pedido de Ideli, que classificou como `extremamente delicada` a alteração sobre o Fundo Social - composto por recursos que o governo arrecada com o pré-sal, petróleo, concessões e outorgas. Para o Executivo, a criação do fundo garante que recursos de investidores do petróleo permaneçam no Brasil por mais tempo.
Os senadores voltaram ao texto original e propuseram que 50% dos rendimentos do fundo sejam remetidos à educação. Na Câmara, o relator André Figueiredo (PDT-CE) havia proposto a destinação de metade dos recursos do fundo - e não de seus rendimentos - para a educação.
Para dar segurança jurídica à proposta, o relator no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), mudou o texto enviado pela Câmara. Ficou acertado que a destinação de recursos para educação e saúde em contratos antigos de exploração só valerá quando se tratar da parcela do governo federal. Os recursos que vão para os cofres estaduais sofrerão essa divisão somente nos casos em que os contratos são posteriores a 3 de dezembro de 2012.
Foi mantido o gatilho que vincula a aplicação de 50% dos recursos do Fundo Social ao cumprimento das metas do Plano Nacional de Educação (PNE) - 7% do Produto Interno Bruto para a educação em 5 anos, e 10%, em 10 anos.

sábado, 15 de junho de 2013

Pagamento da GEAD

04/06/2013 - 21:06
Sindsef: Bancada federal participa de audiência na AGU pela GEAD dos professores federais

O presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Federais de Rondônia (Sindsef), Daniel Pereira, acompanhado de sua assessoria jurídica e a bancada federal de Rondônia, participou de uma audiência ontem à tarde na Advocacia Geral da União (AGU), com o ministro Luís Adams, que por estar reunido com a presidente Dilma Rousseff, designou o advogado da União Fernando Faria para discutir a questão ligada ao pagamento da Gratificação Especial de Docência dos professores do Ex-território Federal de Rondônia (GEAD), que apesar de ter havido acordo com a União em diminuir 10% do valor para a liquidação da dívida com o servidor, encontra agora dificuldade para o pagamento por conta de um parecer jurídico dos advogados do Ministério do Planejamento e AGU.
A Diretora Executiva do Sindsef, Maria Aparecida, disse ao ministro da AGU que o tratamento aos professores do Ex-território tem que ser de forma isonômica. “Não podemos tratar desigualmente, àqueles que doaram sua vida à causa da educação”, frisou.
Participaram os senadores, Ivo Cassol, Acir Gurgacsz e Valdir Raupp. O Coordenador da Bancada Federal, Nilton Capixaba, questionou o ministro sobre a razão pela qual os professores que não são portadores de curso superior não iriam receber o benefício. Acompanharam o mesmo questionamento, os deputados Marcos Rogério, Marinha Raupp e Anselmo de Jesus.
Entenda o caso
Por Nota técnica, finalizando o processo de pagamento da diferença da Gead, os advogados da União, emitiram parecer onde somente os professores com comprovação de escolaridade de nível superior estariam aptos a receber o benefício.

Tanto para os sindicalistas como os parlamentares de Rondônia, essa atitude é contrária ao Princípio da Isonomia, uma vez que não se podem tratar desigualmente os professores que doaram uma vida inteira aos seus alunos. Além do mais, essa decisão foi na fase de pagamento, o que não poderia acontecer, por ser uma forma de discriminação com a categoria.

Na audiência, ficou decidido que por ofício, a AGU comunicaria o Ministério do Planejamento imediatamente sobre o pagamento dos professores portadores de diploma que soma uma quantia de 1.600 profissionais. Depois do pagamento, a discussão se estenderia para os professores que não possuem curso superior.
No entendimento dos advogados da União, todos os professores devem receber o benefício. Tantos o parlamentares como os sindicalistas, argumentaram que os professores, com curso ou não, doaram sua vida profissional à causa da educação com as mesmas dificuldades que os demais educadores.
Daniel Pereira, aproveitou e solicitou que a forma de pagamento da GEAD fosse feita através de RPV e não de precatório, para que o profissional da educação que já espera há algum tempo por esse benefício, possa receber o mais rápido possível.
 
Autor:
Carlos Terceiro/Brasília
Fonte: www.SINDSEF-RO.org.br

sexta-feira, 14 de junho de 2013

A conquista de medalhas favorece a premiação, a visibilidade até o ingresso direto nos doutorados.

Olimpíadas científicas viram diferencial acadêmico para universidades
Cartola - Agência Conteúdo - Terra Educação - 01/06/2013 - São Paulo, SP
Atrair talentos acadêmicos é um dos motivos que fez com que a Universidade de São Paulo (USP) anunciasse, no final de abril, que estuda criar um bônus para alunos que participaram de olimpíadas científicas durante a educação básica. Apesar de a universidade não querer dar mais detalhes sobre a proposta, o anúncio representa um avanço no reconhecimento dessas iniciativas, tradição difundida nos Estados Unidos, por exemplo.
Diretor do Centro de Estudos de Ensino Superior da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Jacques Schwartzman ressalta que as instituições americanas levam em conta o aluno de forma mais completa, não tomam como base apenas um exame. “Essa ideia da USP é semelhante, estimula uma atividade diferente, que vai além da prova”, explica.
O docente lembra que as universidades são autônomas e podem realizar seu processo seletivo da forma que julgarem mais adequada, por isso, nada impediria que houvesse outras variáveis para ingresso além do vestibular e do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). “A universidade é meritocrática, e ter outros fatores de mérito além do Enem pode ser bom, pois eles formam o conjunto de um aluno de graduação”, complementa.
Coordenador do Etapa, o professor Edmilson Motta participa do treinamento de brasileiros para a Olimpíada Internacional de Matemática há 25 anos. Ele comenta que as instituições de ensino superior americanas levam em conta, além das olimpíadas, outras atividades extracurriculares dos seus candidatos. Motta destaca que já existem iniciativas que valorizam esse tipo de competição no Brasil, como o Programa de Iniciação Científica e Mestrado (Picme), que oferece bolsas para que estudantes universitários que se destacaram nas Olimpíadas de Matemática realizem estudos avançados na área, ao mesmo tempo da graduação.
Além da premiação, a visibilidade e a experiência trazidas pelos torneios também são destacadas pelo professor. “O aluno que conquista medalhas está no topo. Alguns são convidados até para ingressar direto no doutorado”, conta. Em termos acadêmicos, o docente indica que as olimpíadas antecipam temas que, muitas vezes, seriam vistos apenas em graduação ou pós.
Mais de 50 medalhas
Gustavo Haddad Braga é um exemplo de que as olimpíadas contam muito na hora de entrar na universidade, especialmente em países como os Estados Unidos. Com mais de 50 medalhas em olimpíadas científicas – em áreas variadas, de física a astronomia, passando até mesmo por linguística –, o jovem de 18 anos foi aceito no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), em Harvard, Stanford, Yale e Princeton.
Inicialmente em dúvida entre Harvard e o MIT, o brasileiro optou pelo segundo e conseguiu uma bolsa pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) para cursar a graduação. Antes de ir para os Estados Unidos, ele chegou a frequentar um semestre de medicina na USP, uma das três instituições brasileiras em que foi aprovado – além desta, também foi aceito no Instituto Militar de Engenharia e no Instituto Tecnológico de Aeronáutica.
O processo de seleção foi semelhante entre as instituições americanas, envolvendo o Scholastic Aptitude Test (SAT) – prova de admissão para o ensino superior – redações, histórico escolar, cartas de recomendação e currículo. “Eles levam em conta absolutamente tudo o que o candidato fez, e as olimpíadas de que participei pesaram muito”, avalia Braga. Depois dessa fase, os melhores candidatos são chamados para uma entrevista na instituição de ensino.
Além das competições de conhecimento, o jovem também contava com outras atividades extracurriculares que chamaram a atenção das universidades americanas, como praticar natação – o que também lhe rendeu uma medalha -, e a criação de um programa de estudos no Objetivo, onde cursou o ensino médio, para preparar estudantes para olimpíadas científicas.
E Braga tem experiência para compartilhar. Foram seis competições internacionais: a primeira em 2008, na Coreia do Sul; a segunda no Azerbaijão, em 2009; no ano seguinte, participou de uma de astronomia na China e de física na Croácia; em 2011, outra de astronomia na Polônia e uma de matemática em Portugal, além de uma de física na Tailândia.
A primeira olimpíada de que participou foi regional, em uma universidade de São José dos Campos (SP), onde o jovem, natural de Taubaté, passou a maior parte da vida. Na época, Braga estava na 6ª série. A competição de matemática era voltada a estudantes da 7ª e 8ª séries, mas como ia bem na disciplina, uma professora sugeriu que se inscrevesse. Ele fez as provas e terminou em primeiro lugar. A partir daí, se dedicou a pesquisar e a se inscrever em várias olimpíadas, em diferentes áreas.
Mas o bom desempenho não é por acaso. Desde a 7ª série, Braga mantém uma rotina de cinco horas diárias de estudo. Ele conta que segue uma única regra no que diz respeito à vida acadêmica: jamais estudar na véspera de uma prova. E isso também conta para as competições. “Na época das olimpíadas eu desacelerava, pois o ideal é ficar descansado”, explica.
Diferencial
Não é apenas o currículo que ganha com as competições. O aprendizado propiciado pelas olimpíadas também são um diferencial na compreensão acadêmica do estudante. Para Braga, o ponto mais importante é que elas ensinam um modo diferente de ver as disciplinas, que vai além de decorar conteúdos, desenvolvendo o raciocínio lógico. “Tem que ter a base das matérias, mas ser capaz de elaborar explicações diferentes para determinados fenômenos. As provas exploram áreas que não são vistas na escola”, argumenta.
Aproximar alunos do ensino fundamental e médio do ambiente universitário também é um benefício dos torneios apontado por Braga. “Durante os treinamentos, assistíamos a aulas em faculdades, tínhamos contato com os professores, e para as olimpíadas de física, por exemplo, podíamos utilizar equipamentos avançados nos laboratórios”, relata. Para o jovem, as competições foram uma forma de compreender melhor o que ele gostaria de fazer profissionalmente. “Se não fosse pelas olimpíadas, estaria ainda mais confuso. Porque você sabe que gosta de química no colégio, mas como saber se quer trabalhar com isso?”, indaga o brasileiro.
Braga ainda não tem certeza a respeito da área para a qual se dirigirá no MIT, pois nas universidades americanas, o estudante só escolhe a profissão em que vai se formar por volta do segundo ano de curso, após passar por diversas disciplinas gerais, e no instituto é possível optar por duas formações. Até o momento, o jovem cogita engenharia elétrica e física. Entre muitas dúvidas, o estudante tem uma certeza: quer voltar ao Brasil quando terminar os estudos. “Acho que posso ter um impacto positivo no País. Além disso, sinto falta dos brasileiros. É inevitável criar raízes com o lugar onde viveu”, declara.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Sabe o que significa RSC? Os ex-territórios estão fora.

Conselho vai estabelecer as diretrizes para reconhecimento
Diego Rocha - Portal MEC - 11/06/2013 - Brasília, DF
O Ministério da Educação instituiu o Conselho Permanente de Reconhecimento de Saberes e Competências, que estabelecerá as diretrizes e procedimentos para a concessão do reconhecimento de saberes e competências (RSC) aos docentes da carreira do magistério do ensino básico, técnico e tecnológico. O conselho foi instituído por meio da portaria nº 491, de 10 de junho.
O reconhecimento de saberes e competências é a certificação dos professores de cursos técnicos de nível médio, da educação básica e de creches, que não necessariamente demandam cursos de mestrado e doutorado para a sua atuação profissional e terá três níveis: I, II ou III, que correspondem, na carreira, a titulação de especialização, mestrado ou doutorado, respectivamente.
De acordo com o secretário de Educação Profissional e Tecnológica, Marco Antonio de Oliveira, o conselho é resultado da negociação, ocorrida em 2012, para a reestruturação da carreira do magistério do ensino básico, técnico e tecnológico. “O RSC reconhece a experiência profissional que os professores obtiveram na atuação dentro das instituições da educação básica, técnica e tecnológica, permitindo progressão na carreira”, disse.
Os critérios para a concessão do reconhecimento definirão as competências do profissional da carreira, de acordo com a sua formação acadêmica e área de atuação na instituição. As atribuições dos professores devem contemplar atividades de ensino, pesquisa, extensão e gestão.
Uma vez definidos os critérios, cada professor interessado se submeterá a processo de avaliação de sua vida profissional, podendo obter o reconhecimento pleiteado, desde que cumpra com os requisitos estabelecidos em regulamento. O professor só poderá pleitear o RSC para o nível de titulação imediatamente superior ao que possui.
Podem solicitar o reconhecimento os professores dos institutos federais, Cefet’s, Colégio Pedro II, colégios militares, colégios de aplicação e escolas técnicas vinculadas às universidades federais contratados na carreira do ensino básico, técnico e tecnológico.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Portugal espera que Brasil reveja suspensão de bolsas para o país

Portugal espera que Brasil reveja suspensão de bolsas para o país
Agência Brasil - Terra Educação - 22/05/2013 - São Paulo, SP
O Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (Crup) divulgou nota lamentando a decisão do governo brasileiro de suspender a concessão de bolsas de estudos para alunos de graduação do Programa Ciência sem Fronteiras (PCsF) em instituições do país. O Crup equivale no Brasil à Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes).
Segundo a nota divulgada na terça-feira, a decisão `será corrigida a curto prazo` e as universidades lusitanas `permanecerão abertas a esses estudantes (brasileiros), continuando a acolhê-los com amizade`.
A decisão de não enviar novos alunos para Portugal e remanejar os estudantes selecionados nos editais de 2013 foi tomada em março. O objetivo é `estimular os jovens a falar mais uma língua, a conhecer e ter competência específica em outras culturas`, informou o ministro da Educação Aloizio Mercadante, quando se reuniu naquele mês em Lisboa com o ministro da Educação e Ciência de Portugal, Nuno Crato.
De acordo com a nota dos reitores lusitanos, os estudantes brasileiros de fato não vão para Portugal `para aprender a língua portuguesa, mas sim para frequentar e se graduar em instituições universitárias do Espaço Europeu de Ensino Superior, que aliam à sua grande qualidade um acolhimento só possível por uma cultura e história partilhadas`.
Por causa do grande fluxo de estudantes e professores estrangeiros em Portugal, são comuns nas universidades do país aulas em línguas estrangeiras. Existem, há mais de uma década, cursos totalmente ministrados em inglês.
O reitor da Universidade de Coimbra, João Gabriel Silva, disse que em Portugal, assim como no Brasil, `a língua franca da ciência e da tecnologia é o inglês` e mesmo os estudantes de graduação devem `dominar` o idioma por causa da bibliografia. Ele lembra que entre os pesquisadores do doutorado é comum o uso de inglês na produção de artigos científicos, na defesa de tese (com participação de examinadores estrangeiros) e nos projetos de pesquisa feitos em cooperação internacional.
A Universidade de Coimbra é a instituição com maior número de brasileiros em Portugal. O reitor da universidade disse à Agência Brasil que a decisão do governo brasileiro `foi recebida com alguma tristeza` e com `surpresa`. Ele salientou que, para acolher estudantes brasileiros, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras agilizou os procedimentos de visto.
A suspensão do programa para Portugal repercutiu fora do país e do Brasil. O secretário executivo da Comissão Econômica para África, Carlos Lopes, disse em uma conferência na sede da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), em Lisboa, na semana passada, que o objetivo de forçar a aprendizagem de outra língua era `é louvável, mas não pode ser radicalizado`.

De meios médicos e médicos inteiros

De meios médicos e médicos inteiros
Hélio Schwartsman - Folha de São Paulo - 23/05/2013 - São Paulo, SP
Médicos não gostaram da minha coluna de 15/5, em que afirmei que as críticas da categoria ao plano do governo de importar 6.000 profissionais de saúde cubanos tinham muito de corporativismo.
Se eu resumo bem o teor das mensagens que recebi, a maioria dos missivistas concordou com os primeiros parágrafos de meu texto em que eu dizia que a proposta da administração dificilmente trará os resultará esperados, já que o problema das cidades mais afastadas não é apenas a falta de médicos, mas sim de uma estrutura sanitária minimamente adequada, mas rejeitou vivamente a parte final, na qual sustentei que os cubanos podem servir como um paliativo. Uma frase que causou espécie foi: `Num raciocínio bem consequencialista, é melhor para o sujeito que procura um serviço de saúde ser atendido por alguém que tenha algum conhecimento do que ficar sem assistência nenhuma`.
É esse o ponto que pretendo discutir hoje de modo mais detido. Meio médico é ou não melhor do que nenhum médico?
Toda a argumentação dos conselhos e associações médicas é a de que seria um tremendo de um erro admitir profissionais menos qualificados, como fica claro no artigo de Roberto Luiz D`Avila, presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), que a Folha publicou no sábado. Vale observar que essa linha de raciocínio não está limitada ao caso dos cubanos, mas permeia o discurso da categoria em praticamente todas as discussões que envolvem profissionais de outras carreiras. A polêmica em torno da lei que regulamenta o ato médico é um retrato perfeito dessa disputa. Basta sugerir que enfermeiras devam realizar partos, que optometristas sejam autorizados a receitar óculos e fonoaudiólogos tenham o direito de diagnosticar distúrbios na fala para que os médicos se armem de escalpelos e boticões e lancem impropérios contra os proponentes de tais ideias. Um dos ataques favoritos é acusá-los de defender uma medicina para pobres (exercida por não médicos) e outra para ricos (feita por médicos). Em seguida, perguntam quem você gostaria que prestasse o atendimento, caso o paciente fosse alguém de sua família.
Manobras retóricas à parte, o ideal é ser sempre atendido por um profissional bem treinado, que siga com bom senso e espírito crítico os protocolos estabelecidos e se mostre empático, seja ele médico, enfermeiro, psicólogo, fonoaudiólogo, fisioterapeuta, optometrista etc.
A ideia, cultivada com tanto esmero pelo CFM, de que basta ser médico para ser dono de um saber diferenciado, completo e salvador pode até ser compatível com a narrativa heroica que todas as categorias profissionais gostam de atribuir a si mesmas, mas esbarra numa série de dificuldades práticas e, principalmente, epistemológicas. Vamos a elas.
Em princípio, não seria absurdo exigir que os cubanos ou qualquer outro médico disposto a atuar no Brasil passe por um processo de certificação como o Revalida, o exame do Ministério da Educação para reconhecer diplomas emitidos fora do Brasil. Na edição de 2012, apenas 77 dos 884 candidatos (8,71%) foram aprovados. No ano anterior, haviam sido 9,6%.
O problema aqui é que estamos cobrando dos estrangeiros algo que não exigimos dos médicos formados por aqui mesmo. Pelas regras atuais, basta ser aprovado em curso regular reconhecido pelo MEC para ter o direito de exercer a medicina. Como os estudantes que concluem a graduação no Brasil não fazem o Revalida, não sabemos como eles se sairiam. Existem, contudo, outros testes e eles não pintam um quadro muito otimista.
Desde o ano passado, o Cremesp obriga todos os recém-formados a realizar uma prova de conclusão. O exame não tem caráter eliminatório, de modo que o aluno, se não quiser, não precisa se esforçar para ir bem. Em 2012, 54,5% dos quase 2.500 graduandos do Estado de São Paulo não acertaram 60% dos testes.
E vale notar que estudantes que acabaram de concluir o curso estão com a matéria relativamente fresca na cabeça. Se fôssemos pôr à prova também os médicos um pouco mais velhos, que tenham se fixado numa especialidade qualquer e já tenham esquecido tudo o que não usam, os resultados provavelmente seriam bem piores.
A verdade é que, na prática, o saber totalizante, que integra conhecimentos de várias especialidades através de um raciocínio clínico rápido e preciso, não é uma característica exigida de todos os médicos o tempo todo.
Em grande parte das ocasiões, médicos atuam segundo protocolos mais ou menos estruturados que têm o objetivo de fazer com que o profissional não pense demais. E é bom que seja assim. O generalista precisa guiar-se pelas doenças que são mais comuns naquela faixa etária e naquela região e não imaginar todas as moléstias possíveis que sejam compatíveis com aqueles sintomas e tentar excluí-las através de caros exames específicos.
Temos de agradecer a Apolo e a Asclépio sempre que a medicina consegue empacotar numa rotina qualquer um conjunto específico de ações aplicáveis a um certo número de casos semelhantes. É claro que, por vezes, surgirão situações em que um paciente será vítima desses esquemas mais rígidos, mas, se eles foram bem elaborados, salvam mais vidas do que provocam problemas. E é evidente que tudo aquilo que vem na forma de uma rotina precisa pode ser facilmente ensinado a qualquer um. Paradoxalmente, quanto melhor a medicina funciona, menos o médico é necessário (pelo menos no que diz respeito ao problema que foi coberto pela rotina). Não é uma coincidência que sejam os pragmáticos norte-americanos os que mais transferem tarefas dos médicos para outros profissionais como enfermeiros e paramédicos. Alguns tipos de enfermeiro podem até receitar drogas ali.
Passemos agora ao plano epistemológico. Não há dúvida de que a medicina faz hoje coisas que pouco tempo atrás seriam classificadas como milagres. Cânceres antes fatais se tornaram controláveis, cardiopatas que se sujeitam ao tratamento conseguem décadas de sobrevida, algumas de nossas drogas funcionam de verdade. Há avanços importantes em praticamente todas as especialidades e seria ocioso mencioná-los um a um. O impacto estatístico dessas conquistas, porém, empalidece diante de um conjunto de quatro medidas extremamente eficazes que respondem pela maior parte do salto na expectativa de vida que a humanidade experimentou nos últimos 100 anos.
Com efeito, no início do século 20, a esperança de vida ao nascer de um terrestre médio era de apenas 31 anos e chegou a 67 anos em 2010. Isso foi obtido principalmente devido à brutal redução na mortalidade infantil, que despencou da casa das duas centenas por mil nascidos vivos para pouco mais de quatro dezenas hoje (média mundial). E a criançada parou de morrer graças a saneamento básico, vacinas, antibióticos e o controle de vetores. Se quisermos encompridar a lista, vale citar derivações dessas quatro medidas, como a propagação de noções de higiene e o cuidado com infecções e parasitas.
Apesar dos inegáveis ganhos da medicina, a verdade é que ela ainda caminha em terreno epistemologicamente pantanoso. Exceto por umas poucas medidas de eficácia extrema, como as que levaram à redução da mortalidade infantil, temos certa dificuldade para separar o que realmente funciona do que não faz diferença.
Num artigo seminal publicado pela `PLoS Medicine` em 2005, John Ioannidis sustenta que as conclusões da maioria dos artigos médicos publicados nos melhores periódicos estão erradas. É um texto bem técnico, que abusa da matemática para explicar que, devido a uma combinação de características da psique humana com a própria natureza do raciocínio estatístico (inferência bayesiana), a maioria dos estudos reflete mais os vieses dos pesquisadores do que propriedades reais do fenômeno analisado. Não importa o que o cientista queira `provar`, com a força dos falsos positivos e um mínimo de lapidação estatística, ele terá sucesso.
Aqui, o paciente prudente deveria até mesmo desconfiar do médico total preconizado pelo CFM. Quanto mais ele lê e se mantém atualizado, mais conclusões falsas ele carrega em sua mente. Mas nem tudo está perdido. Apesar de os `papers` não terem o poder que lhes atribuímos, ainda resta uma hierarquia que nos permite tentar salvar a medicina baseada em evidências. Estudos randomizados e com muitos pacientes tendem a ser melhores do que os que se valem de menos cobaias, os quais, por sua vez, são superiores a pesquisas feitas com poucos controles estatísticos. Segundo o próprio Ioannidis, num outro artigo publicado na prestigiosa `Jama`, algo entre 1/3 e metade dos trabalhos tidos como de melhor qualidade apresenta conclusões erradas ou francamente exageradas.
A lição a tirar disso tudo é que o trabalho do médico é bem mais caótico do que se pensa. Ele precisa lidar com as complexidades irredutíveis das vidas dos muitos pacientes que atende e o faz baseado numa ciência ainda incerta e titubeante. Nenhum processo de certificação, muito menos o sistema hoje adotado no Brasil, é capaz de garantir que ele esteja preparado para exercer a função, seja no plano intelectual, seja no das atitudes.
Não obstante, a medicina descobriu ao longo do último século alguns truques que realmente funcionam para salvar vidas e eles não precisam necessariamente de um médico para ser aplicados. São coisas como lavar as mãos antes de fazer a mamadeira do bebê, não construir a fossa ao lado do poço, aplicar as vacinas certas, distinguir uma tosse boba de uma pneumonia com derrame bilateral e receitar um antibiótico, identificar malformações cardíacas e mandar o paciente para um grande centro.
É verdade que a boa medicina precisa de mais do que um médico com um estetoscópio no pescoço, mas também é verdade que, em muitas regiões do Brasil, não estamos conseguindo nem sequer providenciar isso. E não é realista esperar que uma estrutura decente brote na Amazônia e outras áreas periféricas do país da noite para o dia. Dado que mesmo um profissional de formação limitada e sem acesso a grandes recursos é capaz de levar as medidas salvadoras e os truques aonde eles ainda não chegaram, tudo recomenda que o governo envide esforços nesse sentido.
Há muitas e várias circunstâncias em que meio médico é melhor do que nenhum. Se os doutores brasileiros não estão dispostos a ir para os rincões, não há como forçá-los. O Brasil, felizmente, não é Cuba. Mas é difícil sustentar que o governo não possa experimentar um ou outro paliativo. A rigor, nem precisaríamos dos cubanos para tentar melhorar as coisas. Poderíamos mandar enfermeiros para esses lugares. Desde que pudessem receitar antibióticos e vermífugos e traçar diagnósticos, já fariam diferença. É claro que, neste caso, os conselhos médicos estariam falando no perigo que é deixar enfermeiros prescreverem drogas e diagnosticarem.
Por que as crianças francesas não têm Déficit de Atenção
Marilyn Wedge - Psychology Today - EUA - UOL - Revista Samuel Imprensa Independente - 22/05/2013 - São Paulo, SP
Nos Estados Unidos, pelo menos 9% das crianças em idade escolar foram diagnosticadas com TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade), e estão sendo tratadas com medicamentos. Na França, a percentagem de crianças diagnosticadas e medicadas para o TDAH é inferior a 0,5%. Como é que a epidemia de TDAH, que tornou-se firmemente estabelecida nos Estados Unidos, foi quase completamente desconsiderada com relação a crianças na França?
TDAH é um transtorno biológico-neurológico? Surpreendentemente, a resposta a esta pergunta depende de você morar na França ou nos Estados Unidos. Nos EUA, os psiquiatras pediátricos consideram o TDAH como um distúrbio biológico, com causas biológicas. O tratamento preferido também é biológico — medicamentos psicoestimulantes, tais como Ritalina e Adderall.
Os psiquiatras infantis franceses, por outro lado, veem o TDAH como uma condição médica que tem causas psicossociais e situacionais. Em vez de tratar os problemas de concentração e de comportamento com drogas, os médicos franceses preferem avaliar o problema subjacente que está causando o sofrimento da criança; não o cérebro da criança, mas o contexto social da criança. Eles, então, optam por tratar o problema do contexto social de fundo com psicoterapia ou aconselhamento familiar. É uma maneira muito diferente de ver as coisas, comparada à tendência americana de atribuir todos os sintomas de uma disfunção biológica a um desequilíbrio químico no cérebro da criança.
Os profissionais franceses não usam o mesmo sistema de classificação de problemas emocionais infantis utilizado pelos psiquiatras americanos. Eles não usam o Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders ou o DSM. De acordo com o sociólogo Manuel Vallee, a Federação Francesa de Psiquiatria desenvolveu um sistema de classificação alternativa, como uma resistência à influência do DSM-3. Esta alternativa foi a CFTMEA (Classification Française des Troubles Mentaux de L’Enfant et de L’Adolescent), lançado pela primeira vez em 1983, e atualizado em 1988 e 2000. O foco do CFTMEA está em identificar e tratar as causas psicossociais subjacentes aos sintomas das crianças, e não em encontrar os melhores band-aids farmacológicos para mascarar os sintomas.
Na medida em que os médicos franceses são bem sucedidos em encontrar e reparar o que estava errado no contexto social da criança, menos crianças se enquadram no diagnóstico de TDAH. Além disso, a definição de TDAH não é tão ampla quanto no sistema americano, que tende a “patologizar” muito do que seria um comportamento normal da infância. O DSM não considera causas subjacentes. Dessa forma, leva os médicos a diagnosticarem como TDAH um número muito maior de crianças sintomáticas, e também os incentiva a tratar as crianças com produtos farmacêuticos.
A abordagem psicossocial holística francesa também permite considerar causas nutricionais para sintomas do TDAH. Mais especificamente, como o comportamento de algumas crianças piora após a ingestão de alimentos com corantes, certos conservantes, e/ou alérgenos. Os médicos que trabalham com crianças com problemas — para não mencionar os pais de muitas crianças com TDAH — estão bem conscientes de que as intervenções dietéticas às vezes podem ajudar. Nos EUA, o foco estrito no tratamento farmacológico do TDAH, no entanto, incentiva os médicos a ignorarem a influência dos fatores dietéticos sobre o comportamento das crianças.
E depois, claro, as filosofias empregadas na educação infantil norte-americana e francesa são muito díspares. Estas filosofias divergentes poderiam explicar por que as crianças francesas são geralmente mais bem comportadas do que as americanas. Pamela Druckerman destaca os estilos parentais divergentes em seu recente livro, Bringing up Bébé. Acredito que suas ideias são relevantes para a discussão, pois o número de crianças francesas diagnosticadas com TDAH em nada se assemelha aos números que estamos vendo nos Estados Unidos.
A partir do nascimento dos filhos, os pais franceses oferecem um firme cadre — que significa “matriz” ou “estrutura”. Não é permitido, por exemplo, que as crianças tomem um lanche quando quiserem. As refeições são em quatro momentos específicos do dia. Crianças francesas aprendem a esperar pacientemente pelas refeições, em vez de comer salgadinhos, sempre que lhes apetecer. Os bebês franceses também se adequam aos limites estabelecidos pelos pais. Pais franceses deixam seus bebês chorando se não dormirem durante a noite, com a idade de quatro meses.
Os pais franceses, destaca Druckerman, amam seus filhos tanto quanto os pais americanos. Eles os levam às aulas de piano, à prática esportiva, e os incentivam a tirar o máximo de seus talentos. Mas os pais franceses têm uma filosofia diferente de disciplina. Limites aplicados de forma coerente, na visão francesa, fazem as crianças se sentirem seguras e protegidas. Limites claros, eles acreditam, fazem a criança se sentir mais feliz e mais segura, algo que é congruente com a minha própria experiência, como terapeuta e como mãe. Finalmente, os pais franceses acreditam que ouvir a palavra “não” resgata as crianças da “tirania de seus próprios desejos”. E a palmada, quando usada criteriosamente, não é considerada abuso na França.
Como terapeuta que trabalha com as crianças, faz todo o sentido para mim que as crianças francesas não precisem de medicamentos para controlar o seu comportamento, porque aprendem o auto-controle no início de suas vidas. As crianças crescem em famílias em que as regras são bem compreendidas, e a hierarquia familiar é clara e firme. Em famílias francesas, como descreve Druckerman, os pais estão firmemente no comando de seus filhos, enquanto que no estilo de família americana, a situação é muitas vezes inversa.
Tradução por Jeanne Pilli, do blog Cultivando o Equilíbrio
“Escolas não devem avaliar o aprendizado com base em notas”
Amanda Polato entrevista Patricia Broadfoot - Revista Época - 22/05/2013 - Rio de Janeiro, RJ
Pesquisadora da Universidade de Bristol, na Inglaterra, sugere que escolas façam avaliações mais abrangentes e que os alunos, conhecendo melhor suas dificuldades, assumam o controle do próprio aprendizado
O momento de receber o boletim com notas mensais ou bimestrais costuma ser tenso para muitas crianças e também para os pais. Mas, para a pesquisadora britânica Patricia Broadfoot, diretora da Faculdade de Educação da Universidade de Bristol, tanta valorização dos números está equivocada. As escolas deveriam olhar para a avaliação de forma muito mais abrangente, diz ela, e ajudar os alunos a entender melhor seus pontos fortes e fracos. “Há estudos que comprovam que, quando a escola dá notas, os alunos tendem a não ouvir os comentários dos professores e, portanto, não sabem como melhorar.”
A proposta da especialista em avaliação, que está em São Paulo nesta semana para uma conferência na 20ª Feira Educar, é usar ferramentas digitais para fazer avaliações formativas, mais preocupadas com o aprendizado em si do que com a somatória de pontos e notas. Segundo ela, jogos e desafios on-line podem ajudar a detectar mais nuances sobre o que os alunos sabem do que os testes tradicionais.
Patricia também critica os testes nacionais padronizados. “Deve haver prestação de contas para a sociedade, mas o melhor seria incentivar as escolas a se autoavaliar rigorosa e continuamente.” Confira a seguir a entrevista da pesquisadora a ÉPOCA:
ÉPOCA – A senhora fala em suas pesquisas sobre a “sociedade da avaliação” e diz que nós acreditamos no poder dos números. Esse tipo de avaliação é eficiente nas escolas?
Patricia Broadfoot – A sociedade da avaliação não é uma coisa positiva. E penso que é especialmente ruim nas escolas, porque treinamos os estudantes a ver o sucesso do seu aprendizado em termos de notas, em vez de ver do aprendizado em si. Nós nos convencemos de que a melhor forma de julgar a qualidade do aprendizado, das escolas e dos sistemas de ensino é por meio de uma série de números. No entanto, deveríamos julgar a qualidade da educação de um modo muito mais abrangente.
ÉPOCA – De modo geral, as escolas estão preparadas para fazer uma avaliação mais focada no aprendizado, a chamada avaliação formativa?
Patricia – Nenhum de nós na área da educação, em qualquer parte do mundo, realmente entende a importância da avaliação formativa. É uma questão que começou a ser estudada há apenas 20 anos. Quando as pessoas se derem conta do quão poderosos são os feedbacks e a avaliação formativa para ajudar os alunos a aprender, o interesse aumentará. Ainda achamos muito difícil mudar, principalmente porque a prioridade da rotina escolar ainda é passar conteúdos aos estudantes. Dessa forma, não há tempo para feedbacks individuais e frequentes. Pesquisas indicam que os alunos não estão satisfeitos com o tempo e a qualidade da avaliação que recebem. Claro que é difícil para os professores se considerarmos o tamanho das salas de aula.
ÉPOCA – Como os processos de avaliação podem melhorar?
Patricia – Deveríamos ter menos avaliações somativas [método convencional, baseado em somatória de notas], e dar feedback como forma de apoiar o aprendizado, provavelmente no formato de texto em vez de números. Há estudos que comprovam que, quando a escola dá notas, os alunos tendem a não ouvir os comentários dos professores e, portanto, não sabem como melhorar. Existem ferramentas digitais que ajudam a identificar aspectos dos aprendizados dos estudantes que não são detectados pelas formas tradicionais de avaliação. Com elas, é possível fazer estudos de caso, propor desafios da vida real, criar testes semelhantes a jogos, em que o estudante pode ir para diferentes níveis de dificuldade. Basta imaginar um jogo de computador, e pensar como eles são complexos e engajam os jovens. É possível usar isso na avaliação escolar.
ÉPOCA – Qual é o impacto de bons feedbacks para a vida de um estudante? Ela ajuda a desenvolver quais habilidades?
Patricia – Normalmente, chamamos de “learning power” a habilidade de aprender. Nenhum de nós possui um “padrão” de aprendizado fixo. Temos, por exemplo, mais habilidade para aprender algo de que realmente gostamos. O conceito de “learning power” envolve nossas qualificações, habilidades intelectuais, disposição e motivação. Se você entende seus pontos fortes e fracos, e você aprende a gerenciar seu próprio aprendizado, sua habilidade de aprender vai crescer consideravelmente. Professores devem ajudar seus alunos a aprender melhor, para que eles não sejam passivos e apenas recebam o que lhes é ensinado, mas assumam o controle sobre o próprio aprendizado.
ÉPOCA – Há países que já fizeram mudanças significativas nas políticas de avaliação?
Patricia – Sim, alguns países estão implementando a avaliação voltada para o aprendizado, como o meu país, a Inglaterra, Hong Kong e outros asiáticos. Mas as pesquisas mostram que nem sempre as políticas são colocadas em prática, porque pressões culturais e tradições tornam isso mais difícil. Será um longo processo.
ÉPOCA – Qual é o papel dos pais nessa mudança?
Patricia – Os pais tendem a preferir as avaliações por notas, porque se acostumaram com isso. Mas eles precisam entender as novas propostas. Se a escola está tentando implementá-las, não terá sucesso sem a ajuda dos pais.
ÉPOCA – Qual é a sua opinião sobre testes padronizados e em larga escala feitos pelo governo para verificar o desempenho de estudantes e das escolas?
Patricia – Depende da intenção do uso dos dados. Na Inglaterra, há um extensivo uso de testes criados fora das escolas para julgar a qualidade dos professores e das escolas. Isso é feito para os pais. Há evidências de que isso é muito ruim para as escolas, porque os professores têm que focar suas aulas nos testes, além de gerar muito estresse para todos. Sozinhos, os testes não aumentam a qualidade. Alguns países fazem diagnósticos sobre a situação das escolas, o que é mais útil. Um grande desafio é preparar os professores para usar os resultados dos testes e das avaliações e, assim, melhorar suas práticas. Outro problema dos testes padronizados é que, quando os resultados são divulgados nos jornais, não há informações sobre os contextos das escolas. Deve haver prestação de contas para a sociedade, mas o melhor seria incentivar as escolas a se autoavaliar rigorosa e continuamente.
ÉPOCA – Os testes internacionais, como o Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos, organizado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), são úteis?
Patricia – Meus colegas estatísticos dizem que é o Pisa é um instrumento muito sofisticado de avaliação, mas governos tendem a interpretar os resultados de forma não tão sofisticada. Potencialmente, os testes internacionais são úteis, porque mostram áreas de um país que precisam ser melhoradas, mas governos fazem diagnósticos errados. É perigoso quando se compreendem mal as razões por trás dos resultados.